Foram 26 dias de navegação, mais de 800 milhas náuticas (cerca de 1.450 km) navegadas e 173 grupos de baleias avistados... E a certeza de que, graças a décadas de monitoramento e proteção em águas brasileiras, as baleias-jubarte seguem firmes rumo à recuperação total de sua população. Esse é o principal resultado da “Expedição Entre Baleias e Golfinhos 2020 – Praia do Forte a Vitória”, realizada pelo Projeto Baleia Jubarte e encerrada na última semana de setembro, e que teve como objetivo registrar as jubartes em sua principal área de concentração reprodutiva no Brasil.
A Expedição 2020 foi realizada como parte dos esforços do Projeto em entender o comportamento das baleias nesta temporada atípica, de pandemia, durante a qual a atividade econômica diminuiu e, com ela, a presença humana nos mares. Segundo o Coordenador de Comunicação do Projeto patrocinado pela Petrobras, e que também coordenou a Expedição, Enrico Marcovaldi, as informações colhidas ainda serão analisadas, mas foi visível a diminuição da navegação e a reduzida presença de redes de pesca na região.
“As baleias-jubarte estão retomando sua distribuição original ao longo da costa brasileira, e com isso aumentam as interações com atividades humanas no mar, o que pode ameaçar a espécie de diversas maneiras, desde colisões com navios a emalhamento em redes de pesca, e nosso papel é buscar entender esses riscos e como reduzi-los, para assegurar que a espécie sobreviva e prospere nas nossas águas”.
A boa notícia é que, talvez até pela diminuição dessas atividades humanas no mar, as jubartes compareceram em grande número e estão dando um show na Bahia e no Espírito Santo. Das 460 baleias avistadas, 97 eram filhotes, evidenciando o sucesso da temporada reprodutiva, principalmente na região do Banco dos Abrolhos, que é a principal área de concentração das jubartes no Brasil.
Além de muitos registros em vídeo e fotos do comportamento dos animais, foram realizadas 107 foto-identificações individuais, usando o padrão de coloração da cauda das jubartes para catalogar cada uma delas; 25 biópsias para análise genética e de poluentes; e 61 medições de tamanho dos animais através de fotogrametria. Também foram realizadas diversas gravações do canto dos machos, característicos da a espécie e que mudam anualmente. Durante a Expedição a equipe também visitou diversas comunidades ao longo da costa onde se desenvolvem atividades de Turismo de Observação de Baleias, seriamente prejudicadas este ano pelos efeitos da pandemia.
A Expedição também terá como produto adicional, a ser lançado em breve, um documentário apresentando informações sobre o trabalho de pesquisa, a situação do turismo de observação e as perspectivas com o aumento da população de jubartes, tendo como pano de fundo as belíssimas imagens captadas pela equipe do Projeto durante o trabalho de campo.
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