Por Zé Pescador
A aparência é linda e o nome também, mas as consequências podem ser desastrosas para o ecossistema marinho: o Coral Tubastraea, mais conhecido como “Coral-Sol” (sun coral) ou “Coral-Tubo” (cup coral) recebe esse nome devido a sua cor vistosa amarelo/alaranjada, com pólipos alongados em formato de tubo e tentáculos similares ao sol quando abertos. Este coral está amplamente distribuído no mundo e duas espécies são consideradas invasoras no litoral brasileiro: Tubastraea tagusensis e T. coccinea. Ambos têm status de praga e matam algumas espécies de coral nativo, além de poderem criar um desequilíbrio na pesca e terem se espalhado por toda costa brasileira.
Esse gênero de coral é originário do oceano Pacífico e foi introduzido no Caribe na década de 40, quando foi trazido possivelmente incrustado em cascos de navios. A partir daí, ampliou sua distribuição no Caribe, Golfo do México e Flórida se dispersando através de cascos de navios, plataformas de petróleo e transporte de suas larvas por correntes marinhas. No Brasil, este organismo foi visto pela primeira vez na década de 80, na região sudeste, incrustado em uma plataforma de petróleo localizada na Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro. Devido a suas eficientes estratégias de reprodução, crescimento, competição e defesas contra predadores o Coral-Sol promoveu uma completa modificação na estrutura das comunidades bentônicas nesses ambientes do sudeste brasileiro.
Como surgiu na Baia de Todos os Santos
Em 2012, o Coral Sol foi registrado pela primeira vez nos recifes de coral da Baía de Todos os Santos (BTS), região de maior biodiversidade do Atlântico Sul, e a partir daí foi encontrado em profundidades que variam de 0,5m a 21m, como no caso do recife dos Cascos na região da Ilha de Itaparica. Este registro evidenciou a expansão do coral invasor na costa brasileira e a capacidade que este organismo possui em se estabelecer em diferentes tipos de ambiente, como os costões rochosos subtropicais e os recifes coralíneos tropicais. Até hoje temos o registro de pelo menos 32 áreas na BTS com presença do Coral Sol. Por se tratar de uma espécie que tem como principal forma de defesa a liberação de larvas, não recomendamos a retirada dessas espécies por pessoas sem a devida qualificação, pois ao invés de ajudar o ecossistema estará gerando uma maior proliferação da espécie.
Muitos estudos experimentais têm sido desenvolvidos por universidades e organizações que trabalham com ecossistemas marinho, a fim de entender melhor a dinâmica e ecologia das colônias de Coral Sol, e assim, aprimorar estratégias de controle e monitoramento destas espécies, tanto em substratos artificiais quanto em ambientes naturais.
Fotos: Zé Pescador
Komentarze