A União Mundial para a Conservação da Natureza – IUCN validou e mapeou 33 novas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos (IMMAs, do Inglês Important Marine Mammal Areas) no Atlântico Sul Ocidental, das Guianas ao norte da Amazônia brasileira até a Terra do Fogo na Argentina. Este é o resultado final de um processo que durou um ano, incluindo um workshop científico intenso em dezembro passado para apresentar e avaliar dados de áreas candidatas a IMMAs, que foram então submetidas a revisão científica. Além das 33 novas IMMAs aprovadas, cinco outras áreas receberam o status de Áreas de Interesse (AoI).
As IMMAs são definidas como áreas determinadas de habitat que sejam importantes para espécies de mamíferos marinhos e que tenham potencial para serem delimitadas e manejadas para a sua conservação. Elas não são áreas protegidas oficialmente designadas, mas sim indicativos para a conservação baseados na melhor ciência existente.
Segundo José Truda Palazzo Jr., Coordenador de Desenvolvimento Institucional do Instituto Baleia Jubarte, estamos celebrando o reconhecimento internacional de nosso inestimável patrimônio natural marinho representado pelos mamíferos marinhos e seus habitats na costa leste da América do Sul. O Instituto sediou na Praia do Forte, Bahia, o workshop que propôs essas IMMAs em dezembro de 2022. Os habitats notáveis da região que abrigam mamíferos Marinhos incluem entre outros o Banco dos Abrolhos e o arquipélago de Fernando de Noronha no Brasil bem como o Estreito de Magalhães e as águas patagônicas da Península Valdés na Argentina, e o Rio
Paramaribo no Suriname.
Nas últimas décadas, intensificamos a pesquisa sobre os mamíferos marinhos raros, endêmicos e ameaçados da região acrescentou Miguel Iñiguez, da Fundación Cethus, da Argentina. A região do Atlântico Sul Ocidental abriga entre outras espécies as baleias francas austrais (Eubalaena australis), baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) e baleias sei (Balaenoptera borealis), algumas das quais migram da Antártida para esta região. Nos golfinhos, além dos largamente distribuídos rotadores (Stenella longirostris) e nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) há espécies regionalmente endêmicas como o golfinho-de-Commerson (Cephalorhynchus commersonii ssp. Commersonii), os vulneráveis toninha (Pontoporia blainvillei), boto-de-Lahille (Tursiops truncatus
ssp. gephyreus) e o quase ameaçado boto-cinza (Sotalia guianensis). O também vulnerável peixe-boi marinho (Trichechus manatus) é encontrado ao longo da costa das Guianas até Alagoas.
Existem atualmente 242 IMMAs reconhecidas ao redor do planeta, a maioria no hemisfério Sul, todas elas com informações detalhadas e mapas acessíveis através do IMMA e-Atlas. Conforme os Coordenadores da Força-Tarefa da IUCN, Giuseppe Notarbartolo do Sciara e Erich Hoyt, a equipe das IMMAs juntamente com 250 pesquisadores de mamíferos marinhos já examinou mais de 70% do Oceano e esperam completar nos próximos quatro a cinco anos a tarefa de, em uma década, realizar
uma avaliação global dos habitats das 133 espécies conhecidas de
mamíferos marinhos.
O trabalho para definir novas IMMAs continuará agora no leste do Atlântico Norte em 2024 e no oeste do Atlântico Norte e Caribe com resultados previstos para até o início de 2025.
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