O ano era 1988, antes que a internet conectasse o mundo, e o extremo sul da Bahia ainda era uma região remota da costa brasileira. Ali, um pequeno grupo de pesquisadores havia iniciado há pouco tempo os trabalhos para a implantação do recém-criado Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. E nas viagens ao arquipélago, distante cerca de 70 km da costa, se depararam com uma surpresa: baleias. Eram sobreviventes da população brasileira de baleias-jubarte, espécie dizimada pela caça indiscriminada e quase extinta em nossas águas.
A descoberta gerou o interesse em estudá-las e, claro, protegê-las. Dali nasceu o Projeto que, mais de três décadas depois, se tornou uma das principais forças da sociedade civil brasileira em defesa dos oceanos. As jubartes, de poucas centenas, passaram a ser mais de 20.000, graças ao árduo trabalho desenvolvido ao longo desse tempo para salvaguardar a espécie e seu ambiente.
Segundo os pesquisadores e gestores do Projeto Baleia Jubarte, são “os primeiros 30 anos” de um trabalho que, felizmente, continua firme e cada vez mais relevante na pesquisa e conservação marinha do Brasil. Mas essas primeiras três décadas já constituem um marco: um dos mais longos programas de pesquisa e conservação de baleias do planeta.
A verdadeira aventura épica da pesquisa e proteção das jubartes nesses primeiros 30 anos, até 2018, é contada agora no livro Salvas da Extinção: A História do Projeto Baleia Jubarte, que será lançado neste mês. E apesar das belas imagens e registros visuais históricos, não é um livro fotográfico, mas sim uma celebração do que podem fazer os cidadãos preocupados com a conservação de nosso patrimônio natural marinho quando se organizam e perseveram. Do início improvisado em 1988 até o reconhecimento nacional e internacional, dos naufrágios e outros perrengues à conquista do patrocínio vital da Petrobras em 1996 e que perdura até hoje, o livro é uma jornada cativante por lugares, pessoas e eventos que marcaram profundamente a conservação marinha no Brasil.
Segundo a autora principal, co-fundadora do Projeto Baleia Jubarte e sua líder até 2018, a bióloga Márcia Engel, “A produção deste livro foi um mergulho com as baleias e com a história de nossa organização. Durante a seleção das fotos e a elaboração dos textos, 30 anos de memórias vieram à tona. Foi muito prazeroso lembrar de nosso ponto de partida e de tudo que construímos até aqui. Muitos colaboradores, amigos e parceiros ajudaram na missão que resultou na recuperação da população de jubartes brasileiras e seguirão conosco enfrentando desafios tão grandes como os efeitos das mudanças climáticas nas baleias e nos oceanos do mundo”.
O livro Salvas da Extinção – A História do Projeto Baleia Jubarte será lançado na Praia do Forte (BA), em evento para convidados no Espaço Baleia Jubarte no dia 08 de fevereiro, e na sequência no Museu Náutico da Bahia/Farol da Barra, em Salvador, no dia 9 de março.
Os eventos serão abrilhantados pelos autógrafos da autora principal da obra e por uma exposição fotográfica acompanhada de uma réplica em tamanho natural da cauda de uma das baleias mais antigas do catálogo brasileiro de jubartes. A exposição também estará disponível para visitação entre os dias 09 e 21 de fevereiro no Espaço Baleia Jubarte - Praia do Forte; 22 de fevereiro a 06 de março no Shopping Paralela em Salvador; 09 a 20 de março no Museu Náutico da Bahia/Farol da Barra; e 22 a 31 de março no Shopping Salvador Norte. Posteriormente, a exposição seguirá para Itacaré, Porto Seguro e Caravelas na Bahia; Vitória no Espírito Santo; a capital do Rio de Janeiro; e Ilhabela em São Paulo.
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