Reunir a paixão pelo mar com o desejo de dar a outras pessoas a oportunidade de aprenderem a velejar na Baía de Todos-os-Santos. Essa é a proposta do projeto Meninas da Vela, das velejadoras Dani Antonniazi e Táta Mott.
Dani, uma "paulistana-baiana", veleja há 23 anos, é Mestre Amador, designer e estudante de psicologia. Dentre as muitas experiências em veleiros de monotipos e de oceano, foi tripulante no "Aysso", da Família Schurmam, no trajeto entre Salvador a Recife.
Táta, mais conhecida pelo apelido que por seu nome (Marcia), apaixonou-se pela Vela há 20 anos. Nascida em São Paulo, veio ainda criança para Salvador. É Arrais Amador, administradora e atua como gestora de empresas. Participou de diversas regatas e campeonatos e adora cruzeirar.
O Mar Bahia bateu um papo com a dupla, que detalhou como nasceu a ideia dos cursos oferecidos, com foco no público feminino. Confira:
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MAR BAHIA - Fale um pouco sobre a história de vocês com a Vela e como surgiu a inspiração de Uma "Escola De Vela" mais voltada para o público feminino.
MENINAS DA VELA - Muito poucas mulheres velejam de fato. Podemos ver algumas acompanhando com mais frequência seus companheiros, porém, dificilmente participando ativamente da velejada. Percebemos que muitas delas gostariam de ter mais conhecimento e segurança para participar no barco, mas seja por não se sentir capaz, por falta de habilidade de ensinar do companheiro ou qualquer outro motivo, o fato é que elas não encontram acolhimento nesse desejo. Pensando nisso lançamos esse projeto voltado a encorajar essas mulheres.
MB - Como funcionam os roteiros e propostas de trabalho de vocês?
MV - O curso prático visa dar orientações básicas de como conduzir um barco de oceano. Tem a duração de dois dias. O Módulo 1 é o Básico e o Módulo 2, o mais Avançado. As aulas são inteiramente a bordo, exercitando a teoria na prática, visando maior aproveitamento e engajamento do aluno. As outras vivências propostas vão desde um passeio de algumas horas aos passeios com pernoite, para quem deseja receber orientações práticas de como conduzir um barco a vela, vivenciar a estadia a bordo ou apenas para um passeio contemplativo.
MB - Apesar de já ter existido algumas tripulações femininas na Bahia, as iniciativas não foram adiante. Como vocês vêm a ainda pouca representatividade feminina na vela?
MV - A vela é um esporte tradicionalmente masculino. Tanto que costuma-se referir à ele como um “esporte de cavalheiros”, quando se quer destacar a ética que está envolvida nas disputas. Ainda existe um tantinho de preconceito por parte dos companheiros, em relação a capacidade de suas companheiras, ou apenas falta de vontade (ou falta de habilidade) de passar os ensinamentos. Junte a isso o fato de praticamente só existirem aulas de vela dadas por homens, então você tem aí um bom desmotivador.
A geração nova já tem mais atividade feminina. As escolas de vela que em geral começam com monotipos e já estão mais atentas às novas gerações de velejadoras. Já temos muitas meninas boas de vela!
MB - Com a pandemia, o mercado náutico segue crescendo bastante, sobretudo com muitas pessoas desejando ter o seu primeiro barco. Qual a visão de vocês e perspectivas nesse sentido? Já sentem este reflexo na procura pela entrada neste universo?
MV - Sim! Da mesma forma que houve o boom em busca de casas de praia, também aumentou o interesse pelas atividades náuticas. Um mercado ainda muito pouco explorado, em especial com essa baía maravilhosa que temos. As pessoas pensam muito no mito do barco caro. Existem barcos de todo preço. O fato é que quando atentam para a comunidade náutica e as vivências possíveis no mar, desde competir esportivamente, até barcos que substituem uma casa de praia, ficam encantadas.
MB - Que recado vocês deixam para quem quer começar a velejar, mas ainda tem receio de aprender?
MV - O veleiro é seguro! Como qualquer equipamento, precisa ser usado com responsabilidade. Se dê uma chance de conhecer esse mundo encantador, que é a experiência no mar. No mínimo, é mais uma historia pra contar, ou pode mudar sua vida!
Ficou interessado? Conversa com as meninas e vá velejar!
Instagram:@meninasdavela
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