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Foto do escritorMar Bahia

Mudanças Climáticas e o branqueamento dos corais na Baía de Todos Santos

*Por Zé Pescador



Em março de 2024, começamos a notar uma certa alteração em alguns corais. Apesar do intenso calor deste verão, os corais estavam bem com a sua coloração natural. Mas, a partir de março o alerta da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica NOOA já chamava atenção para o Nível 2, (figura1), por conta da elevação da temperatura dos oceanos.



O branqueamento dos corais está acontecendo, é um momento de alto estresse que os animais estão passando. A recuperação ou a morte é o que pode acontecer. Nosso laboratório natural de criação de corais realiza o monitoramento, acompanhando a evolução deste evento na saúde dos corais, tanto no nosso sitio marinho, quanto nos recifes de coral.

Sitio Marinho:


A carbono14, realiza em Ilha de Maré, em parceria com o Instituto de Geociências da UFBA, Instituto de Pesca Artesanal de ilha de Maré e da Braskem, o projeto Corais de Maré, que através da inovação e pesquisa, vem desenvolvendo uma experiência de criar fazendas marinhas para cultivar uma espécie de coral nativo a Millepora Alcicornis, popularmente conhecido por Tapitanga, também como coral de fogo.



Esta é uma espécie emblemática, por sua importância para atração de biodiversidade, por isso é muito cobiçada por peixes ornamentais por oferecer alimento, abrigo e proteção para crustáceos e moluscos. Além disso, é uma das espécies que mais sofrem com as mudanças climáticas. Um destes impactos e talvez o mais severo é o fenômeno do branqueamento que afeta estas espécies e também outras daqui da BTS. Nestes laboratórios naturais, o branqueamento é monitorado e avaliado pelos pesquisadores e pescadores.


Os berçários são monitorados, a contagem das colônias e a sua saúde fazem parte deste monitoramento para produzir conteúdo que torne mais fácil compreender e encontrar formas de remediar os impactos nos corais. A exemplo dos efluentes domésticos e industriais que não deveriam ser lançados no mar e que causam impactos, não só na saúde dos corais, mas também na vida dos pescadores e marisqueiras.



Estamos testando métodos de aceleração do crescimento dos corais e observando as colônias mais resistentes às altas temperaturas. A adaptação seleciona aquelas colônias mais resistentes. Bem, não adianta antecipar ou adivinhar, trata-se de encontrar soluções para transformar nosso modelo de desenvolvimento global em um estilo mais sustentável e que os impactos sejam minimizados ou extintos.



A Baía de Todos os Santos, a Capital da Amazônia Azul, pode ser referência internacional em qualidade e diversidade de atividades, se houver boa vontade dos que podem decidir melhorar as condições socioambientais deste território, porém o que não é medido não pode ser mensurado, por isso o monitoramento sistêmico dos seus ecossistemas costeiro marinho precisa ser mais conhecido e compreendido pelos que tem neste lugar sua fonte de sustento e seus negócios. O tema das mudanças climáticas precisa ser mais debatido com toda sociedade porque se ela é parte do problema, também ela deve ser parte da solução.


*Fundador da ONG Pró-Mar e Consultor Ambiental


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