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Saveiros em extinção no mar da Bahia

A notícia não é boa, não é nova e pode ficar pior. As mais tradicionais e milenares embarcações da Bahia, os saveiros, seguem reduzidas de milhares a poucas dezenas. Em uma brava resistência que singra as mais diversas dificuldades, seguem navegando em um cenário que está longe de ser um "mar de almirante". O Mar Bahia conversou com Roberto Bezerra, o Malaca, um dos grandes incentivadores dos saveiros e vice-presidente da Associação Viva Saveiro, que contou um pouco da atual situação destas embarcações.

Foto: Site Mar Bahia

Às vésperas da Regata Aratu-Maragojipe, que completa 50 anos, apenas um saveiro está confirmado na competição, que é a maior da Bahia e uma das mais emblemáticas do Brasil. "O Sombra da Lua e o É da Vida estão em reforma. Este ano, confirmado mesmo, somente o Mensageiro do Destino e talvez outros pequenos que podem vir a participar", declara Malaca. Coincidência ou não, há dez anos um dos maiores velejadores do mundo, Torben Grael e sua família, velejava a bordo do saveiro Ideal, onde fez questão de participar durante os 40 anos da regata. “Deu pra aprender muito com esses mestres. A regata é bonita, a paisagem maravilhosa, o saveiro um barco super ecológico e a constância dos ventos um elemento a mais para a prova”, disse Torben logo depois da experiência.


"O Ideal, de Mestre Memeu, é do Porto de Maragojipe e se ainda não foi ao fundo deve continuar por lá - por quanto tempo não se sabe", ressalta Malaca. O também velejador Lars Grael, que já participou do evento, está de volta este ano, destacando a importância da regata nacional e internacionalmente. Um dos organizadores da Aratu-Maragojipe, Marcelo Fróes, fala sobre a atual situação dos saveiros. "Os saveiros de Vela de Içar têm um papel muito importante na nossa história, desde a sua independência no Rio Paraguaçu, como resistência, como na construção das cidades no Recôncavo Baiano e a própria Salvador.Como organizadores da Aratu-Maragojipe sentimos muito a redução contínua da participação deles, pois apesar da regata ser voltada a veleiros de Oceano, o respeito a esta embarcação deve ser mantido e preservado".


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Ainda de acordo com Malaca, é preciso haver incentivo para que os mestres possam continuar com seus ofícios e o importante papel econômico e cultural que desempenhavam na história da Bahia. "É cada dia mais difícil, mas nós continuamos sempre presentes em busca de apoio. Seguimos na expectativa do Prodetur, fazemos campanhas, participamos do Grupo dos Cavaleiros da Ordem de Kirimurê e contamos com os incentivos dos amigos e padrinhos, que estão sempre colaborando. Mas, por enquanto, a realidade continua a mesma. Os saveiros estão em extinção e em breve, vão existir somente nos quadros, na literatura e no imaginário dos bons baianos".

A Viva Saveiro

Criada em 2010 a Associação Viva Saveiro foi reconhecida e premiada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e o saveiro SOMBRA DA LUA tombado como patrimônio da paisagem cultural brasileira. A organização fomenta a preservação dos saveiros e capta apoiadores que adotam estas embarcações para restauração e outras ações. Saiba como ajudar.


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