Que o Turismo de Observação de Baleias é uma atividade que impacta os participantes e algo que já se sabia. Estar na presença desses animais icônicos, monumentais, e até bem pouco tempo ameaçados de extinção pela caça indiscriminada, é uma experiência única e, para muitos, transformadora.
O que muita gente ainda não se dá conta é que essa modalidade de Ecoturismo, que cresce exponencialmente no Brasil nos dias atuais, é também um fator muito importante de geração de emprego e renda para as comunidades onde é praticado. Apesar de estudos no plano mundial apontarem que o whalewatching, como é conhecido internacionalmente, gera em torno de dois bilhões de dólares anuais em mais de 100 países e territórios, ainda faltavam estudos detalhados no Brasil sobre o tema.
Essa lacuna começou a ser preenchida com um estudo pioneiro desenvolvido pelo Projeto Baleia Jubarte na Praia do Forte, Bahia, um dos berços da atividade no país. Através de uma pesquisa de valoração econômica desenvolvida pelo Mestre em Economia do Meio Ambiente, Leonardo Hasenclever, e que deve ser publicada em breve, a observação de baleias a partir da Praia do Forte rendeu em 2023 cerca de R$ 4.500.000 em benefícios diretos (ou seja, considerando os gastos locais dos visitantes no passeio, hospedagem, alimentação e outros, além da geração de renda local) e mais de R$ 9 milhões em benefícios indiretos, aqueles que se espalham por toda a região.
Segundo Hasenclever, que é vinculado ao Instituto TerraMaré, “Entender que o turismo de observação de baleias injeta na economia local da Praia do Forte algo em torno de R$ 4 a 9 milhões de reais anualmente, leva à compreensão do quão importante é discutir, com fundamentos rigorosos, o desenvolvimento e consolidação dessa atividade turística que conserva o meio ambiente, gera empregos e renda, e propicia uma sólida plataforma para a pesquisa e conhecimento desses animais tão icônicos”
O diretor de Comunicação do Projeto Baleia Jubarte e co-fundador da Base Praia do Forte do mesmo, Enrico Marcovaldi, comemora os resultados da pesquisa pioneira. “Quando iniciamos o trabalho na região há 24 anos sabíamos do potencial que o Turismo de Observação de Baleias poderia representar para a economia local e regional. Mesmo com o início da atividade voltada às jubartes tendo ocorrido em Abrolhos, a Praia do Forte possui diversas facilidades para seu desenvolvimento, o que inclui a infraestrutura turística qualificada e a proximidade das baleias na temporada, que é no inverno e primavera.
”Ainda segundo Marcovaldi, esses benefícios tendem a aumentar não só aqui, mas também ao longo da costa do nosso Nordeste e Sudeste, onde o Projeto está trabalhando com vários operadores locais para fomentar a observação de baleias de maneira sustentável e educativa”. Ele ainda ressalta que o Projeto Baleia Jubarte não opera turismo diretamente e não certifica empresas, mas sim trabalha com operadoras parceiras que se comprometem a seguir as normas de avistagem sustentável e disponibilizam espaço a bordo para pesquisadores e estagiários colherem dados científicos durante as saídas turísticas.
A partir de 2025 o Projeto Baleia Jubarte pretende continuar essa pesquisa a nível nacional, visando avaliar o quanto as baleias hoje protegidas injetam na economia do litoral brasileiro. Conforme o Biólogo e Mestre em Ecologia Sérgio Cipolotti, que coordena o programa de Turismo de Observação do Projeto, “a observação turística das jubartes é uma ferramenta inestimável de conservação, pois ajuda a educar os visitantes para a conservação do ambiente marinho e constrói na sociedade um sólido apoio para que as baleias continuem sendo protegidas. Determinar e divulgar seu valor ecológico E econômico faz parte da nossa missão e esperamos que as autoridades atentem para esses dados impressionantes. ”
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