O número de incidentes a bordo, sobretudo incêndios com lanchas, tem chamado bastante atenção na Baia de Todos os Santos. Somente em 2019, dezenas de ocorrências foram registradas pela Capitania dos Portos da Bahia, todas sem vítimas fatais. O Mar Bahia ouviu o instrutor e capitão amador, Marcelo Lafayette, que falou sobre o assunto. Confira:
*Por Marcelo Lafayette
A existência de um incêndio está relacionada à presença de fogo. Lamentavelmente estas ocorrências são comuns a bordo. Para que o fogo aconteça e se mantenha, são necessários três elementos: o combustível, o comburente e o calor. Estes elementos são, didaticamente, simbolizados pelo triângulo do fogo. Mais modernamente temos um novo elemento que é a “Reação em Cadeia”. Seja como for, a negligência no conhecimento destes elementos é a causa de muitos incêndios, que levam a perdas materiais, quando não de vidas.
Além do desconhecimento dos elementos causadores do fogo, a falta de capacitação das pessoas responsáveis, seja nas marinas, seja nas embarcações, sobre as técnicas de combate aos princípios de incêndio faz com que algumas situações, facilmente controláveis no início do sinistro, fujam do controle. Levando-se em conta o “Triângulo do Fogo” e seus componentes, os métodos de extinção de incêndio baseiam-se na eliminação de um ou mais dos elementos que compõem o fogo. Didaticamente, se um dos lados do “triângulo” for quebrado, eis que a combustão será extinta.
Some-se a estes fatores a ausência de manutenção preventiva. Mangueiras com vazamento, combustíveis armazenados inadequadamente, circuitos elétricos mal dimensionados e contatos oxidados são causas comuns dos princípios de incêndio. Para piorar, nem sempre os extintores de incêndio estão em lugares de fácil acesso e com sua manutenção em dia. Eles devem ser inspecionados periodicamente para que seja verificada sua localização, o acesso até eles, a visibilidade, o rótulo de identificação, lacre e selo da ABNT, peso, integridade física do casco, obstrução do bico ou da mangueira e pressão dos manômetros.
Sendo assim, a conjunção entre conhecimento das técnicas de combate a incêndios e cuidado com a manutenção da embarcação são fundamentais para que os riscos de sinistros sejam minimizados. Aliás, este princípio aplica-se não só no meio náutico, mas em toda nossa vida. Prevenir é sempre o melhor remédio. No mar, por suas condições inóspitas, os problemas sempre são mais graves. Por isto, cito sempre a nossos alunos candidatos a Arrais-Amador e Motonauta o famoso ditado português: “Quem vai ao mar, avia-se em terra”. Lembre-se Comandante: A vida dos seus tripulantes e passageiros é sua responsabilidade!
*Capitão Amador e Instrutor Náutico
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